
Lutécia...
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Antônio Monteiro da Silva
Antônio Monteiro da Silva

Fonte- Emanuel José Lourenço
Biografia
ANTONIO MONTEIRO DA SILVA, popularmente conhecido por “MINEIRO”, nasceu em 20/07/1880 na cidade de São Bento do Sapucaí, estado de Minas Gerais. Filho de Firmino Monteiro da Silva e de Dona Cândida Maria de Jesus.
Aos 10 anos perdeu a mãe e pôr não aceitar o segundo casamento de seu pai, fugiu de casa em companhia de um filho de escravo, muito amigo seu.Passou Parte de Sua vida em São Francisco Xavier, estado de São Paulo, onde casou-se duas vezes. Do primeiro matrimônio teve 13 (treze) filhos, sobrevivendo apenas três. Viúvo aos 32 anos casou-se pela segunda vez com uma jovem de 13 anos, Anna Martins, filha de Marciano Lisboa Martins (Português) e dona Maria Amélia de Oliveira.
Em 1919, tendo perdido o primogênito do segundo matrimônio tragicamente (menino de 11 meses morreu vítima de um coice de cavalo), ficou desgostoso, e impulsionado pelo espírito de Bandeirante, penetrou pelos sertões do Estado de São Paulo em busca de nova vida.
Viveu por um tempo em Cândido Mota, depois em Paraguaçu Paulista, de onde rumou sertão adentro, através de picadas com facão e foice, até as proximidades da Serra do Mirante, onde cultivou a terra, formou uma Vila e fundou o patrimônio de “Nossa Senhora da Boa Esperança” protetora daquela família, que mais tarde passou de vila a município. Contente por ver realizado seu sonho, mas tristonho por ver sua Boa Esperança transformar-se em Lutécia.
O sofrimento de Antônio Monteiro, não se descreve. O desconforto e falta de recursos eram grande devido às dificuldades de acesso até a cidadezinha mais próxima, que era Paraguaçu. Não haviam meios de transporte, tudo era feito a pé e por “picadas”. Além disto eram constantes as ameaças de indígenas que viviam na região, ocorrendo até mesmo, o rapto de uma de suas filhas (Durvalina Monteiro Mennocchi) por índios que viviam pelas bandas do Rio do Peixe. Somente foi encontrada dois ou três dias depois nos braços de uma índia da qual sugava o leite. Antônio Monteiro conseguiu resgatar sua filha dando em troca fumo, um dos primeiros produtos da terra. Na procura pela filha, seguindo a trilha indígena, perdeu-se na mata e ao encontra um grupo de índios fez sinal que estava com fome, eles lhe ofereceram bicho de pau cozido (coró), que foi obrigado a comer.
Por ocasião da Revolução de 1924, o rancho de Antônio Monteiro serviu de refúgio a muita gente de Paraguaçu, afugentada pelos revoltosos. Contava ele, que nessa ocasião faltou sal e os alimentos eram cozidos em caldo de palmito.
Os contratempos se sucederam com a grande crise do café, depois com as injustiças da época da Revolução de 1924, quando foi preso somente pelo fato de ser mineiro de nascimento. Ficou em calabouço durante toda a Revolução, onde foi anunciado que havia morrido nas bandas de Itararé, juntamente com seu companheiro o Preto Oscar. Terminada a Revolução, para alegria da família os dois apareceram. Oscar muito doente faleceu logo depois.
A falsidade dos amigos, as constantes traições dos que se valiam de sua boa fé para roubar-lhe o fruto de tantos sacrifícios obrigaram a dispor de sua querida Boa Esperança e viver no Paraná, onde seus sofrimentos duplicaram, pela falta de saúde. A filha mais velha veio em socorro, levando-os para São Manuel, onde, certo do dever cumprido, com a alma em paz com Deus, cercado de padre e amigos verdadeiros, entregou sua alma ao Criador para o eterno descanso.
(CARTA de DURVALINA MONTEIRO MENNOCCHI – filha de Antônio Monteiro da Silva) (N.B.O. – 1998) e o livro “Tempos Passados” de Amélia da Silva Alcântara – filha de Antônio Monteiro da Silv